CURADORIA

Roma Drumond, Pedro Tebyriçá e Antonio Tebyriçá, artistas que integram a exposição TRIANGU-LAR são mãe, pai e filho, e, embora tenham trabalhos bastante distintos e particulares é possível observar desdobramentos e envolvimentos que permeiam a produção do trio.
Roma Drumond é herdeira da Op-Art, vertente oriunda do concretismo, que, na década de 1960, decretou o fim da pintura de cavalete e da escultura figurativa, convidando o público a participar de novas experiências estéticas, cinéticas, interativas e sensoriais. Seu trabalho, conciso e preciso, se estrutura em elementos que mesclam escultura e pintura oferecendo possibilidades visuais instigantes, criando uma dança na qual visitante e obra formam um par. Formal e exata, sua estética se reveste de dinamismo, e, suas colunas, nem relevos e nem objetos, se desdobram na ambiguidade espacial, criando o tempo do movimento.
O trabalho de Pedro Tebyriçá remete de imediato ao grupo argentino Madi que, embora pioneiro no concretismo, sempre manteve uma certa informalidade e uma liberdade no uso da forma, no uso da cor e no uso da própria pincelada. Não por acaso, nas suas pinturas coloridas Pedro deixa aparente, com muita sutileza, as diferenças cromáticas resultantes do uso de diferentes tipos de tinta. Seus monocromos negros trabalham essas mesmas questões pictóricas através do fino contraste entre aplicações matéricas, texturas acetinadas, delicados brilhos e superfícies foscas. São construções complexas, e por vezes dispersas, que caracterizam a liberdade interior que permeia a sua produção.
Frequentando exposições desde pequeno, até a exaustão, Antonio não queria ser artista, mas não conseguiu escapar ao chamado. Seu trabalho que difere inteiramente daquele de seus pais, não se prende em nenhum momento a pesquisas formais, mas ao gesto, à cor e à textura. Praticante de skate Antonio vivencia as manobras radicais do esporte como experiências pictóricas. Na velocidade e nos rápidos movimentos vê formas, luzes e cores que se deslocam, se misturam e se espalham. Seu trabalho na tela se desenvolve absorvendo essas manobras, os cortes abruptos, os acúmulos de matéria e o espraiamento de cores. Um certo humor ácido permeia sua produção, capaz de gerar uma obra enorme, composta de retalhos de imagens belas, mas distorcidas que ele intitula Fake News. Apesar de muito jovem tem participado de mostras realizadas em galerias e instituições, como Centro Cultural Correios, Oi Futuro e Gentil Carioca.
Eixo e viga dessa formação triangu-lar, Roma Drumond mantém uma produção constante desde os anos 1980, participando de exposições no Mam-Rio, Mnba, RJ, Museu da Casa Brasileira, SP e galerias do Rio e São Paulo. Pedro Tebyriçá, sempre flertou com a pintura, mas incursionou pela fotografia, colagem, objeto e literatura, realizando exposições individuais na Galeria Debret, Paris, Centro Cultural Cândido Mendes, RJ e Galeria Arte Espaço, RJ. Tendo parado de produzir arte por um certo período, deu algumas telas já pintadas para seu filho Antonio, que as reaproveitou numa dinâmica tão interessante, que instigou o pai a voltar às telas… Realmente um caso de família!!!
– Denise Mattar, 2024

EXPOSIÇÃO


VERNISSAGE