LÚDICOS - PAIVA BRASIL

Na presente exposição suas Tangentes – reveladas a partir de 2014, e posteriormente exibidas na grande retrospectiva no Paço Imperial de 2019 – nos levam mais uma  vez ao mundo do divertimento e das múltiplas possibilidades do fazer. Entre encaixes, montagens, semicírculos, planos justapostos, espaços vazados e experimentos de cor, sua artesania exalta não apenas o belo, mas um “alfabeto concreto”, livre de preceitos, aberto ao novo. Nas paredes as obras não precisam de uma ordem definida, cabendo ao observador decidir, quase como um gesto, o deslocamento necessário. Seu construtivismo lúdico permite que o manejo desses “objetos de cor” se alinhem com a perspectiva de jogo. O Jocus do prazer, do entretenimento, do sutil, com a delicadeza do compartilhar, sem alusão a um pódio que exija a vitória ou o êxito. Sua proposta sempre foi agregar, brincar, e menos competir.
Nos últimos três anos, Paiva produziu isolado em seu ateliê. Em decorrência da crise sanitária limitou sua ação aos materiais e objetos que dispunha, sem que isso representasse uma intimidação ou restrição ao seu espírito criativo. Combateu o desalento que nos cercava com obra potente e convidativa ao prazer. Pintou e produziu com alegria, novamente brincou e jogou com os elementos que sempre dominou. Não queria explicar, mas realizar o que lhe era inescapável: a arte e uma existência plena de beleza. Esta última série de Tangentes nos aponta para uma infinidade de questões. Talvez, quem sabe, aquilo que o romântico alemão Schiller almejasse como uma educação estética. Paiva não pintou o óbvio. Produziu para que pudéssemos refletir, provocando nossos sentidos e sensações. Fica aqui mais uma vez a admiração e o elogio a um homem que soube explorar e brincar talentosamente com as formas, mas que nunca esqueceu que a essência de tudo é a humanidade e a alegria de viver.
– Luiz Chrysostomo de Oliveira Filho
Rio de Janeiro, agosto de 2022